OS MELHORES AMIGOS DO REVISOR


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Previna-se o amigo que porventura vá contratar a revisão de um texto ou de um trabalho importante. Afaste-se daquela má-companhia que diz que sabe o suficiente, que já domina o português, ou que tem um primo barateiro que pode revisar para você. Não vá entregar a sua tese de mestrado, ou seu livro, escrito anos a fio, com dedicação, nas mãos de qualquer um. Cuide-se especialmente do indivíduo que não apoia sua atividade numa boa biblioteca de mestres.

Por mais que um profissional de letras saiba, há de ter como respaldo os melhores e mais consagrados autores do idioma, ao menos para consultas. Professores com 30 anos de cátedra ainda debatem assuntos com seus pares, têm dúvidas em relação às variáveis da linguagem, às origens das palavras, das expressões e construções...

Essa biblioteca da foto fica exatamente acima da minha cabeça, sobre a minha mesa de trabalho. Qualquer dúvida ou impasse, é só esticar o braço e consultar os meus amigos: o Aurelião, o Toninho (Houaiss), o Nildinho (Evanildo Bechara) ou o Celsão (Celso Pedro Luft), entre outros. Ah, nada como ter intimidade!

Vamos às devidas apresentações. Da esquerda para a direita na foto:

Dicionário Aurélio de 1986 - última edição ainda com o autor vivo, a melhor e mais séria edição da série - a partir dessa edição os discípulos do mestre Aurélio começaram a colocar os pés pelas mãos e derrubaram a qualidade da obra;

Dicionário Houaiss, edição mais recente, o maior e mais completo da atualidade;

Dicionário Houaiss de sinônimos, o melhor de sinônimos que há;

O ABC da Língua Culta, de Celso Pedro Luft;

Dicionário de Dificuldades, de Domingos Paschoal Cegalla

(ambos livros fundamentais para elucidar mistérios intrincados desta que é "a um tempo esplendor e sepultura").

Depois temos mais quatro obras do insuperável Celso Pedro Luft, sendo dois verdadeiros tratados sobre ortografia, e na sequencia os dois dicionários de regência mais respeitados do nosso idioma - um de regência nominal e outro de regência verbal.

Ah, ali no meio, entre os quatro mencionados acima, temos uma obra também do Luft, a Moderna Gramática Brasileira, um livro esgotado, mas que me foi recomendado, e que custei a encontrar. Obra extremamente técnica, de difícil entendimento para quem não é estudante de português, mas imprescindível na biblioteca de profissionais (sérios) da língua.

Logo depois a gramática do Evanildo Bechara, atual chefe da língua no país, é a gramática de maior envergadura e erudição da atualidade;

A outra é uma obra única, escrita a 4 mãos nos anos 1970 pelos respeitadíssimos gramáticos Celso Cunha (brasileiro) e Lindley Cintra (português); apresenta os pontos de vista sempre à luz do português brasileiro e do português lusitano, absolutamente sensacional.

Você está aí ainda? Ainda acha que aquele primo "bom de português", que "se garante", pode realmente revisar sua monografia? 

Prossigamos...

Preconceito Linguístico, do Marcos Bagno, é uma obra interessante, que mostra como o fundamentalismo e a rigidez vêm sendo prejudiciais ao verdadeiro desenvolvimento e aprendizado do idioma, e como a língua pode ser arma de discriminação e humilhação dos letrados contra os que não tiveram oportunidade.

O que vem a seguir é um livro que todos que lidam com o idioma deveriam ler. Curso de Linguística Geral é uma das obras mais importantes da história do estudo da linguagem humana. Escrita pelo pai da linguística moderna, Ferdinand de Saussure, foi publicada depois de sua morte, em 1916. Os temas e conceitos abordados por esse livro dizem respeito ao trabalho realizado por Saussure no estudo da língua como ciência e como elemento fundamental da comunicação humana. Quem é metido a fiscal rigoroso da dita língua culta, sempre de dedo em riste para apontar para os incultos, lê esse livro e se sente pequeno e humilhado. A língua é do povo, que a rege e modifica ao longo das gerações, e não dos eruditos.

Temos depois mais dois livros do Bechara sobre sintaxe;

Na sequencia, um "diccionário" raro, do português antigo, edição de 1926, do filólogo Cândido de Figueiredo. Comprei essa edição por apenas 40 reais de um sebo de Santa Catarina! Morra de inveja o amigo aí que porventura é revisor, professor ou apreciador da língua. Antes de comprá-la, eu havia localizado exemplares da época, todos em pior estado que esse. Sabe por quanto estavam sendo vendidos? 120, 150 EUROS! Agora, quando preciso saber se a ortografia de textos de mais de 100 anos está ou não correta para a época, recorro a ele (precisei dia desses, ao revisar um livro histórico cheio de citações de autores do final do séc. XIX).

Pra finalizar, dois dicionários:

O Dicionário Etimológico e o Dicionário Analógico, duas obras esplêndidas para quem é profissional, mas que nem vou explicar aqui como funcionam, porque vou me alongar e você vai me xingar.

Acima desses, na horizontal, a coleção completa do meu professor predileto, Prof. Dr. Cláudio Moreno, livrinhos bons e práticos para consultas rápidas, todos alicerçados na sólida ciência desse mestre vivo, que foi discípulo direto de Celso Pedro Luft.

Além dos livros que você vê na foto, tenho outros, na prateleira imediatamente acima dessa, são obras que abordam temas pontuais, como morfologia, semântica, origem latina das palavras, dicionário de expressões regionais, dicionários de conjugação verbal, estudos sobre concordâncias especiais, estruturação, coesão e coerência, etc.

Agora me diga, honestamente: dá pra acreditar que o amigo do cunhado do vizinho, que vai revisar seu TCC na faixa (que sorte arrumar esse cara, você deve ter pensado), é mesmo capacitado para a missão?

Pense bem, pense bem...

Não ponha todo um trabalho a perder, faça bonito, chame o Cruz!



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